“CACHORROS DANÇANTES”
de e com Norberto Presta
"Quando eu era criança
minha avó me contou a fábula dos cegos e do elefante. Três cegos
estavam diante do elefante. Um deles apalpou a cauda do animal e
disse: - É uma corda. Outro acariciou uma pata do elefante e opinou:
É uma coluna. O terceiro cego apoiou a mão no corpo do elefante e
adivinhou: - É uma parede. Assim estamos cegos, cegos de nós, cegos
do mundo. A cultura dominante, cultura de desvínculo, quebra a
história passada como quebra a realidade presente; e proíbe que o
quebra-cabeças seja armado."
(Eduardo Galeano)
Baseado
no conto de mesmo nome do autor, ator e diretor Norberto Presta,
“Cachorros Dançantes” pretende confrontar - de modo poético - o
público com a capacidade de recriar a realidade. Partindo do relato
das peripécias de um morador de rua o espetáculo questiona as
noções de preconceito, da aceitação do outro. Tema este
recorrente na criação do autor, que já em outras produções traz
para a cena histórias de marginalidade, transformando-as em material
artístico, procurando um caráter poético sem perder de vista a
observação e análise de realidades sociais e ficcionais que,
dialogando, proporcionam delas outros níveis de compreensão. Deste
modo “Cachorros Dançantes” se apresenta como um caleidoscópio
onde fragmentos de distintas realidades formam uma imagem que as
sublima, permitindo leituras e apreciações originais. Propõe-se
com este espetáculo um exercício onde realidade e arte se
completam.
Utilizando
a interface entre dança, teatro, música, literatura e áudio visual
cria-se uma dramaturgia que, partindo da palavra escrita, gera
imagens durante a performance para confrontar o espectador com
fragmentos da história dum morador de rua, cuja trajetória de vida
é narrada como uma metáfora que apresenta as possibilidades de
criação e recriação de si. Buscando reconstruir o seu passado,
esta figura inicia um processo de reconquista da própria memória e
da própria identidade enquanto decide voltar à casa em que nasceu e
que teve que abandonar quando do suicídio do próprio pai.
Na
criação do seu sexto espetáculo solo, próximo aos 60 anos de
idade e com mais de 40 anos de trajetória profissional vividos entre
Argentina, Alemanha, Espanha, Itália, Suíça e Brasil; Norberto
Presta coloca seu corpo como território de pesquisa, desenvolvendo e
aprofundando um mecanismo peculiar de construção dramatúrgica que
desliza entre as linguagens da dança e do teatro. Pesquisador da
cena teatral e de seu potencial de intervenção na realidade que o
circunda, Norberto é responsável por toda a concepção do
espetáculo, contando com uma equipe de profissionais que fazem a
supervisão técnica de cada uma das linguagens por ele apropriadas.
Indagando a sua própria memória física o ator cria uma sequência
de ações em dança que perpassa uma instalação áudio visual; o
corpo e a voz presenciais do performer dialogam com o espaço virtual
criado pelas imagens de dois projetores. Um dos projetores é
utilizado pelo performer como elemento cênico, projetando imagens
produzidas em tempo real, durante a cena. O segundo projetor reproduz
um filme criado apositivamente, tecendo assim uma dramaturgia de
imagens e sons que confrontadas com as outras dramaturgias logram uma
tessitura dramatúrgica original. Assim, entre realidade ficcional e
realidade objetiva, o espetáculo desenvolve uma linguagem cênica
que dispara possibilidades de novas interpretações, para que a
ficção e o real se complementem gerando uma visão mais ampla da
vida.
Autor,
ator e diretor: Norberto Presta
Direção
de movimento Andrea Elias
Assistência
vídeo: Germán Wiener
Assistência
texto falado: Francis Ivanovich
Tradução:
Andrea Elias e Francis Ivanovich
Produção:
Trânsito Produções Culturais em co-produção com o festival
“Oldenburger Kultursommer” (Alemanhia)
Apoio:
Consulado Argentino in Rio de Janeiro
Duração:
60 minutos
Acompanha esta montagem a
publicação do conto que a originou, dando possibilidade ao
espectador de desfrutar da literatura em diálogo com as memórias do
espetáculo.
Necessidades
de Palco:
Palco
italiano com varas superiores para fixação do cenário e luz.
Medida (ideal) de utilização de palco: 7 metros de largura por 5
metros de profundidade, com linóleo (se fosse possível cinza ou
branco) em toda a
extensão do palco.
Durante o espetáculo são projetadas imagens com um aparelho
data-show numa tela de tecido pendurada no fundo do palco, com a
medida de 7m de largura e 2,50 metros de altura.Iluminação
básica:15
Fresnel de 1000 W
03 Set LightTempo
de duração para a montagem e desmontagem:
Montagem:
6 horas.
Duração
da desmontagem: 1 hora.
-
É necessária uma tomada de 127 V na boca de cena, no lado esquerdo
da plateia.
-
Mesa de som.
NORBERTO PRESTA
www.norbertopresta.blogspot.com
Ator, diretor, pedagogo e
escritor teatral ítalo-argentino, fundador do Centro di Produzione
Teatrale "Via Rosse" (Itália). Iniciou sua atividade
teatral em 1971, estuda na Escola Municipal de Arte Dramática e no
Conservatório Nacional de Buenos Aires (Argentina), em 1981
participa do ISTA (International School of Theatre Anthropology)
dirigido por Eugenio Barba.
Desde 1981, trabalha na Europa,
Argentina e Brasil. Escreveu, dirigiu e interpretou numerosos
espetáculos, participando de festivais na Itália, Áustria,
Republica Tcheca, Espanha, México, Argentina, Brasil, Equador.
Desenvolve intensa atividade formativa, colaborando com grupos
teatrais em vários países: Alemanha, Itália, Argentina, Espanha,
Brasil. Os temas sociais e políticos,
num teatro onde a imagem e o corpo são protagonistas, fazem o
conteúdo e a forma de seu trabalho.
Desde 2008 mora no Rio de Janeiro.
Na Europa como autor e diretor
ganha os premios:
. Premio Impulse 1992 Nordheim
– Westfalen por Terra Felicita (Regie – Kupturetage
Oldenburg/Alemanha)
. 1997 Se estreia Schimmelreiter em Landesbuehne
Niedersachsen (Alemanha) Versão escrita por Norberto Presta do
conto de Theodor Strom.
. 1998 “Das Haus” (Vence o Premio nacional de
escritura teatral “Münsteraner Autorenpreis“ (estreia: Teatro
da cidade de Münster/Alemanha)
. 2000 “Ella y él“. Com
VIA ROSSE (estreia: festival PONTI, Este) Premio de melhor
espetáculo “M.Apostroff99” em Praga,2002
No Brasil merecem destaque suas atividades junto à
Unicamp (Campinas) onde atuou como pesquisador
convidado dirigindo os espetáculos "O
que seria de nos sem as coisas que não existem",
do Grupo Lume Teatro e “Fuga!”
um projeto do Núcleo Fuga em parceria com Lume Teatro; no projeto
“EXTRANJIS” com o
ator Ieltxu Martinez Ortueta (SP); a direção dos espetáculos de
dança “Clariarce” e “Cá entre nós”, com Jussara Miller
(SP), e “Esther Williams não quer mais nadar”, com Andrea Elias
(RJ).
Em sociedade com Andrea Elias funda no Rio de Janeiro a
“Trânsito Produções Culturais”, com a qual realiza os
projetos “O Corpo Entre a Dança e o Teatro” (contemplado pelo
edital de ocupação do Teatro Cacilda Becker/RJ) e “Arte –
Pedagogia – Política: Ações Cooperativas” (contemplado pelo
edital Funarte de Residências Artísticas em Artes Cênicas 2010).
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